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sábado, 9 de maio de 2009

Aniversário de Israel

Deus, ao criar o homem, deu-lhe a responsabilidade de construir a paz. Jesus ensinou: “bem-aventurados os pacificadores”. Construir no coração dos homens a paz é relembrar constantemente que todos nós devemos vencer a intolerância, a truculência e o ódio, para fazer prevalecer no mundo a justiça, a liberdade e os direitos sagrados da pessoa humana. Hoje farei isso prestando homenagem a um povo escolhido para o extermínio e que estava na primeira fila do ódio do “Führer”.


A sua amaldiçoada cruz ariana foi o sinal oposto ao da cruz dos cristãos e ao da estrela de Davi. Todos se lembram de quando se levantou o maior demagogo da História, que capitalizou a crise econômica para envenenar o povo alemão com as quimeras da vingança. Depois, com a censura à imprensa, o assassinato dos líderes políticos, a criminosa adesão do grande capital e a submissão das forças armadas, foi a mais desvairada e brutal marcha da insanidade.


Já se disse que é preciso relembrar, por mais doloroso que seja, o crime daqueles que, se considerando nação de senhores e raça superior, e defendendo, como dizia o insigne presidente Tancredo Neves, uma teoria zoológica para origem do homem, perverteram e enlouqueceram as massas, para cometer a mais abjeta das felonias, o mais odioso dos crimes: o genocídio da guerra e do racismo.


Relembremos também a revolta dos inocentes no gueto de Varsóvia. Meninos e meninas, velhinhos e velhinhas, que como Davi diante do Golias, tinham só uma funda para se defender. Hoje há no mundo outros guetos e outras “Varsóvias”, e não faltam os que ostentam, arrogantes, as suas armas contra os indefesos, tal como na imagem fotográfica, produzida na oprobriosa “Praça do Embarque”, de onde partiam os judeus para o extermínio no leste.


A foto de um menino de cinco anos com as mãos levantadas e sob a mira do fuzil de um enfurecido soldado nazista. Seu olhar. Sua roupa maltrapilha. Indefeso. Que fim levou aquele menino? Terá sobrevivido à loucura do mundo em que viveu? Mas, qualquer que tenha sido o seu destino, o seu gesto não morreu. Nunca morrerá. Aquela imagem será sempre um grão de remorso na consciência do mundo. Será sempre uma lágrima sentida, a correr dos olhos dos que, ao menos por um momento, por um átimo de tempo, sentirem o que sentiram os irmãos, os pais, a família daquele pequenino.


Este ano celebramos os 61 anos da criação de Israel no dia 29 de abril. Este fato nos evoca a força da promessa da sobrevivência, do ressurgir das cinzas, a mesma que, em meio a dor e ao desespero, na fila das piras ensanguentadas do holocausto, cada um dos inocentes massacrados em Terezim, Treblinka, Auschiwitz, Birkenau, Lodz e Sachsenhausen, podia sentir na alma, quando conseguia forças para olhar para o céu. Quando ouço as declarações de Ahmadinejad, com suas palavras escorrendo a baba envenenada do ódio contra o povo hebreu, me lembro daquele menino, do seu olhar, que só mostrava perplexidade, sem reação, impotente diante da agressão injusta.


Um emblema da incompreensão dos inocentes diante do ódio e do racismo insano, que resultam da fúria cega das mentes possessas pelo arbítrio, o orgulho e a prepotência. Faço aqui um alerta aos democratas do Brasil. Ao comemorarmos o aniversário de Israel, a vitória sobre o Holocausto, o ressurgir dos massacrados, o florescer do deserto, devemos fazer, em homenagem àquele menino, um voto de censura e de repúdio as palavras do presidente iraniano, que não representam as virtudes daquela nação milenar nem os interesses do seu povo, na sua imensa maioria humilde, trabalhador e ordeiro. Que seja consignado esse permanente alerta: não se pode descuidar do passado, ele sempre volta quando nos falta vigilância.


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Marcelo Crivella é Senador

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