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terça-feira, 12 de maio de 2009

Terrorista Italiano

Da France Presse, em Paris, na Folha Online:

O ex-militante italiano de extrema esquerda, Cesare Battisti, detido na penitenciária brasileira da Papuda, próximo a Brasília, declarou à rede de TV franco-alemã Arte que prefere se matar caso tenha que retornar ao seu país. Ele aguarda uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre um pedido de extradição da Itália.
"Não voltarei para a Itália, não chegarei vivo à Itália, tenho medo demais de chegar à Itália. Se há uma coisa que ainda é possível escolher, é o momento de sua própria morte", afirmou o ex-militante que aguarda o veredicto do Supremo.
Condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos, Battisi recebeu status de refugiado político do ministro Tarso Genro em 13 de janeiro. O italiano é ex-militante de um grupo chamado PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele nega que tenha cometido os assassinatos.
"Não acho que vou deixar que outros escolham minha morte, pela injustiça do governo italiano", disse o ex-militante, agora escritor, foragido há 30 anos e que aceitou pela primeira vez conceder uma entrevista diante de uma câmera de televisão desde que fugiu da França em 2004, segundo a rede franco-alemã.
Entrevistado em sua cela, Battisti explicou que vive muito mal na prisão e afirmou: "trinta anos depois me encarceram por crimes que não cometi. Eu nunca matei, mas fazia parte de uma organização armada, pratiquei assaltos [...], eu era um militante qualquer e fizeram de mim um monstro, um assassino".
A concessão do refúgio político a Battisti gerou um mal estar diplomático entre Brasil e Itália, que chegou a pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reconsiderasse a decisão.
Em parecer enviado ao STF na semana passada, o procurador-geral da República --que antes tinha se manifestado pela extradição-- considerou legítimo o refúgio assinado por Tarso.

Comento
Ah, estamos agora diante de uma nova tática jurídica. Recorro a um livro de 1972 do poeta e letrista (já morto) Wally Salomão para defini-la: “Me Segura Q’Eu Vou dar Um Troço”. Imaginem se a moda pega: “Ou a Justiça faz o que eu quero, ou eu me mato”. Battisti tem razão. O suicídio continua a ser uma das mais — de fato, a mais — unilaterais das decisões. Não há lei que possa proibir alguém de se matar. Segundo Albert Camus, essa é a única questão filosoficamente relevante. Como o terrorista Battisti é agora um pensador, há muito o que refletir a respeito. Espero que ele opte pela vida e pague por seus crimes no país onde os cometeu, segundo as leis da democracia italiana — democracia a que ele tentou pôr fim.

Ah, sim: Battisti pode escolher se matar ou não. Os que ele matou não tiveram escolha.

Reinaldo Azevedo

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