Brasil X Jordânia - Comércio
Relações comerciais dos dois países intensificaram-se nos últimos anos.
Mas importância política ainda supera a econômica, diz especialista.
Comércio e investimento foram dois dos temas centrais da visita do rei jordaniano, Abdullah II, ao Brasil no final de 2008. Por mais que os dois países tenham boas relações diplomáticas desde o final dos anos 1950, foi somente nos últimos anos que passaram a intensificar suas relações comerciais, o que deve crescer ainda mais após os acordos firmados entre os dois governos durante a viagem real, que ajudam a reforçar as negociações mesmo em meio à crise econômica mundial.
O foco do comércio com o reino hashemita é não somente o crescente mercado interno, mas uma visão mais ampla sobre a região, segundo o vice-presidente de marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun. “A Jordânia ainda não é tão relevante comercialmente."
Sob o 'olhar' do Rei Abdullah II, trabalhadores reformam nesta quarta-feira (6) a Igreja do Patriarcado Ordodoxo Grego, na cidade jordaniana de Mádaba. (Foto: AFP)
Sua importância maior é política, como porta de entrada para a região, para o Iraque após a guerra”, disse, em entrevista ao G1. Segundo ele, há um enorme potencial nessa relação com o Oriente Médio, o que pode ser visto pela visita do rei e pelos números do comércio bilateral nos últimos anos.
Com a crise financeira global, o crescimento dos números em 2008 não chegam a impressionar. O aumento na corrente comercial entre Brasil e Jordânia foi de 9%, um valor ainda grande, se a recessão norte-americana for levada em consideração. Cresceram especialmente as importações (de alumínio e produtos químicos, especialmente), que quase triplicaram (aumento de 192%, segundo Hannun).
A questão é que o Brasil ainda exporta relativamente pouco, mas importa ainda menos. Em 2008 foram exportados “apenas” US$ 294 milhões (em carne, açúcar e aviões, especialmente), e importados US$ 24 milhões.
Foi no ano anterior, 2007, que se viram de fato os incrementos mais significativos na relação entre Brasil e Jordânia. Até um ano antes, as exportações eram de apenas US$ 113 milhões, e no ano seguinte mais que dobraram, chegando a um patamar quase igual ao do ano passado, US$ 284 milhões.
“Foi a Jordânia que tomou a iniciativa de reforçar a relação com o Brasil”, disse Hannun, explicando que, para empresários brasileiros o principal mercado internacional na região ainda são Egito e Arábia Saudita. “A visita do rei demonstrou o interesse em forma um vinculo mais forte.”
Segundo ele, a importância da Jordânia é grande por ser um país que está conseguindo manter crescimento econômico mesmo no meio de uma forte crise econômica global, que deixou grandes potencias internacionais em recessão. Uma vez que a Jordânia não pode apoiar sua economia em petróleo, como outros países do Oriente Médio, a solução foi partir para uma maior abertura internacional.
“A crise afetou todo o mundo, mas o comércio com os países árabes cresceu 4% em relação ao ano passado. A região se tornou mais relevante para nós por conta da crise”, disse Hannun.
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Um dos focos dessa relação mais forte está na informação, explicou Hannun. Segundo ele, para que a relação comercial entre dois países cresça, é preciso um investimento forte na “marca” do país. Foi isso que ficou acordado durante a visita de Abdullah II ao Brasil. Os dois países acetaram de fomentar o fluxo de informações, o turismo, as missões comerciais, a fim de incrementar o comércio. Nesta linha se inclui o convite para o G1 e outros jornalistas do Brasil para acompanhar a visita do Papa ao país, aproveitando a visibilidade da cobertura para promover a imagem internacional do país para turismo e comércio.
* O repórter Daniel Buarque viajou a convite do Jordan Tourism Board
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