Os Iraquianos em Detroit
Com o fim de fato da fase de ouro da indústria automotiva norte-americana, deve complicar ainda mais a situação de seu antigo epicentro, a cidade de Detroit, no Estado de Michigan, nos EUA. No último meio século, a população local caiu à metade, de 1,8 milhão de pessoas nos anos 50 para pouco mais de 900 mil hoje. Estive lá por duas vezes nos últimos anos, em 2007 e em 2008. Na primeira vez, fazia uma série de reportagens sobre os exilados iraquianos que encontraram abrigo na Grande Detroit. Pois essa é a comunidade que mais floresce, a dos exilados iraquianos, principalmente dos caldeus, uma facção de cristãos que não encontrou lugar no Iraque pós-invasão norte-americana. Eles representam 15% de todos os refugiados iraquianos. Dois terços deixaram o país. Desses, dezenas de milhares vieram aos EUA, e se concentram no Michigan, onde já havia uma importante comunidade de exilados iraquianos da Guerra do Golfo, em 1991, e da Guerra Irã-Iraque, nos anos 80. O curioso é que um dos locais preferidos dos iraquianos expatriados para iniciar nova vida é Dearborn, cidade-natal de Henry Ford, o fundador da única das ex-Três Grandes que sobrevive sem intervenção estatal e que mantém sua sede ali. No subúrbio de Detroit, é a "capital árabe" dos EUA, com 30% da população três árabes em cada dez habitantes e uma das maiores mesquitas das três Américas. Enquanto os trabalhadores da indústria automobilística norte-americana perdem emprego e casa, os iraquianos desalojados pela guerra de George W. Bush progridem na mesma região, tocando suas próprias pequenas empresas, principalmente no setor de serviços. Há uma ironia histórica aí. A mesquita de Dearborn, no subúrbio de Detroit Mansão onde Henry Ford passou parte de sua vida, na mesma cidade Fábrica de carros abandonada de Detroit Blog Sérgio Dávila
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