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segunda-feira, 6 de julho de 2009

As opções que Honduras teve

Em tradução livre que fiz do espanhol, trago para vocês um artigo de Joaquín Samayoa, do jornal La Prensa, de El Salvador, cujo título é o mesmo deste post. Descobri num post no Twitter do incansável KirkBlog, da Flórida (EUA), já referenciado aqui no blog em post mais abaixo.

Recomendo a leitura e também faço um apelo para que vocês repassem por email aos seus amigos, coloquem em suas páginas do Orkut, republiquem em seus blogs, debatam o conteúdo deste artigo em salas de aula. Aqueles que estão estudando, mostrem aos professores. Aos políticos, deputados e senadores, recomendo a leitura da tribuna e o debate.

O episódio que sacode Honduras tem uma importância fundamental para barrar o expansionismo do diabólico projeto bolivariano do caudilho Hugo Chávez e que tem o apoio e a simpatia de Lula e seus sequazes. Portanto, o Brasil poderá ser Honduras amanhã.

Dada à leniência e a corrupção avassaladora que grassa no Congressso Nacional, uma eventual remoção de um presidente que afrontasse a Constituição seria muito mais traumático, ou seja, seguiria o modelo dos golpes clássicos com o banimento civil do poder.


É isto que temos de evitar, embora nunca se possa descartar medidas extremas que postulem a manutenção da democracia e da liberdade dentro de um quadro de adversidades que não ofereça outra alternativa.

O caso de Honduras é limpo e cristalino, como é a liberdade e a democracia. Vamos então ao artigo de Joaquín Samayoa:


Todos acreditavam que os golpes de Estado haviam ficado para trás na história política da América Latina. Todos haviam desejado que, com efeito, assim fosse. Confiávamos em que a realização de processos eleitorais mais ou menos transparentes, o fim do militarismo e a submissão dos governantes à institucionalidade democrática tornariam completamente desnecessário que algum país tivesse que considerar, muito menos executar, a remoção forçosa de um presidente eleito democraticamente. Mas a história nunca avança em linha reta; tem vales e montanhas, tem rupturas e retrocessos.

A captura e expulsão do presidente Zelaya provocou uma reação quase unânime de censura, mas, na realidade, é tudo o que vem ocorrendo em Honduras nas últimas semanas que se deve qualificar como um retrocesso da democracia. Os fatos políticos têm causas e antecedentes que não devem ser ignorados. Em Honduras, o retrocesso da democracia começou com o prepotente desprezo da ordem constitucional e institucional que exibiu o presidente Zelaya em sua tentativa de perpetuar-se no poder.

Os agentes do expansionismo chavista estão indignados. Já os conhecemos. Apelam aos princípios democráticos somente quando lhes convém. Mas eles não são os únicos que censuram o golpe. Há quem pense que o afastamento de Zelaya estava justificado, mas que deveria ser levado a cabo sem recorrer à força militar ou sob ordem expressa de um organismo facultado pela Constituição para remover o presidente. Este último é o que eu havia preferido; entretanto, antes de somar-me ao coro de censura, tenho que fazer-me a pergunta: Havia realmente outra forma de fazê-lo?

Creio que faz falta uma megadose de ingenuidade para pensar que zelaya teria aceitado a sua destituição. Longe disso, teria dissolvido o Congresso, teria decretado o Estado de Sítio, teria comprado lealdades no Exército, teria chamado em sua defesa as Forças Militares da grande pátria bolivariana, teria feito qualquer coisa para sustentar-se.

Tudo isso teria merecido, se muito, uma tíbia e passageira condenação internacional. Há que entender que a OEA nunca serviu para defender a democracia. Em outros tempos foi dominada pelos Estados Unidos e defendeu ditaduras militares, depois teve um período de absoluta irrelevância e passou, em anos recentes, a ser dominada por Chávez para defender as ditaduras bolivarianas. Uma vez que Zelaya houvesse afiançado o seu poder após uma falida tentativa de destituí-lo legalmente, nenhum dos que estão censurando o golpe teria feito nada para ajudar os hondurenhos a safar-se de seu ditador.

As instituições hondurenhas teriam unicamente três opções. A primeira era ficar de braços cruzados e permitir que as coisas seguissem seu curso até desembocar numa situação já irreversível de instauração de um regime chavista destinado à perpetuidade por Zelaya. A segunda era tentar desfazer-se do presidente na boa, fato que teria concedido a Zelaya o tempo suficiente para solicitar o respaldo militar venezuelano, convertendo Honduras num cenário de uma guerra sangrenta. Optaram pela terceira, um golpe militar de surpresa e incruento para evitar que zelaya consumasse seus planos de perpetuar-se no poder.

A diferença dos golpes militares da segunda metade do século passado, a remoção forçosa de Zelaya contou com o respaldo unânime do Congresso e deixou intacta a institucionalidade do país. Seguramente nem os protagonistas do golpe nem o que temos observado desde fora dos acontecimentos teríamos desejado que se tivesse que chegar a uma ação desse tipo, mas a política real raramente deixa margem para ações inteiramente livres de reprovação.

Qualquer golpe de Estado é lamentável. Entretanto, são os hondurenhos que terão que enfrentar as conseqüências de um ou outro dos possíveis cursos da ação e, por conseguinte, permitir-lhes resolver seu problema sem interferência estrangeira. Há razões válidas para objetar um golpe de Estado. O que não é correto é o duplo estandarte daqueles que o censura pelo que implica de ruptura da ordem constitucional, mas guardam covarde silêncio ante outras violações, talvez mais graves, dessa ordem que dizem defender.

O novo governo hondurenho terá que resistir às fortes pressões exigindo a restituição do deposto presidente. Se não lhe dobra o braço, terá que subsistir uns meses, até as eleições de novembro, sem reconhecimentos e suportando sanções internacionais. Esse é o preço que os hondurenhos pagariam por sua soberania e por haver-se atrevido a erguer o primeiro dique de contenção ao expansionismo chavista na região centro-americana.

Blog Aluisio Amorim

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