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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Conversão ao Judaismo

O Processo de Conversão

1. PONDERAR SOBRE O JUDAÍSMO

O primeiro passo para um processo de conversão é quando a pessoa realmente considera a possibilidade de tornar-se judia. As razões pelas quais as pessoas chegam a essa idéia são diversas. Alguns estão em uma busca espiritual e conhecem o judaísmo por diversas fontes tais como leituras, palestras e cerimônias religiosas judaicas. Outros estão envolvidos em um relacionamento afetivo com um judeu (judia) e desejam manter a família unida sob a mesma religião. Qualquer que seja a motivação, a primeira coisa a fazer é conhecer o judaísmo mais de perto. Essa fase inicial pode incluir conversas sobre o tema com os amigos e a família, a aquisição de livros e vídeos sobre judaísmo, e a partir daí refletir cuidadosamente se a conversão é a escolha certa.

2. ENCONTRAR UM RABINO

Se a pessoa realmente deseja prosseguir nessa direção, o próximo passo é encontrar um rabino. Esta parte do processo pode ser difícil por inúmeras razões. Os rabinos, como quaisquer outros indivíduos, são diferentes entre si. Alguns dedicam mais tempo do que outros aos candidatos à conversão. Outros seguem a tradição de recusar o candidato por três vezes a fim de testar a sua sinceridade e determinação. Contudo, geralmente os rabinos são extremamente dedicados, inteligentes e com uma profunda sensibilidade religiosa e espiritual. Eles são os guias espirituais de suas comunidades e decidem, em última instância, quem está apto a integrar o Povo Judeu. Dada a importância central do rabino para um candidato potencial à conversão, o mais sensato é fazer contato com diversos rabinos e sinagogas em busca da combinação ideal.

Se você estiver procurando por um rabino, procure antes aconselhar-se com seus amigos, com seu (sua) parceiro(a) e com a família dele(a). Nos EUA você pode contatar uma central local de rabinos ou alguma outra entidade judaica. No Brasil o contato pode ser feito com a Federação Israelita do seu Estado para saber se há sinagogas ou comunidades judaicas na sua cidade; outra possibilidade é entrar em contato direto com as sinagogas ou com associações, congregações e comunidades judaicas. Por precaução, confira com a Federação Israelita do seu Estado se os rabinos e instituições contatados são conhecidos (e reconhecidos) pela comunidade judaica, para evitar orientação inadequada e dissabores no futuro. Para mais informações veja a seção "Mais Informações Sobre Conversão ao Judaísmo."

Deve-se levar também em conta que há rabinos pertencentes a diferentes movimentos. Os três principais movimentos judaicos no Brasil são o Conservador, o Ortodoxo e o Reformista. É importante compreender as diferenças existentes entre eles para escolher com consciência com qual você mais se identifica. Não há um que seja melhor ou pior do que o outro: são formas diferentes dos judeus vivenciarem o judaísmo.

O rabino tem formação e autoridade para responder a todos os seus questionamentos a respeito da conversão. Por sua vez, ele também lhe fará uma série de perguntas. Abaixo citamos algumas perguntas que provavelmente serão feitas:

Por que você quer se converter?
Qual é a sua formação religiosa?
O que você sabe sobre judaísmo?
Você conhece as diferenças entre o judaísmo e sua religião original?
Você está sendo pressionado(a) a se converter?
Você deseja e se compromete a dedicar o tempo que for necessário para estudar e tornar-se judeu (judia)?
Você deseja e se compromete a criar seus filhos como judeus?
Você já discutiu essa decisão com a sua família?
Você tem outras dúvidas sobre judaísmo ou conversão?

3. ESTUDAR JUDAÍSMO

Suponhamos que você decidiu iniciar o seu processo de conversão ao judaísmo e um rabino concordou em supervisionar os seus estudos. Ainda que você não esteja completamente seguro(a) se irá se converter ou não, as etapas iniciais de aprendizagem irão acontecer. Mesmo aqueles que, em algum momento, optam por não se converter, descobrem que aprender mais sobre judaísmo é ao mesmo tempo interessante e útil para compreender melhor os judeus e contribuir para a diminuição do anti-semitismo (ódio aos judeus).

Os candidatos à conversão estudam judaísmo de diversas maneiras. Alguns o fazem individualmente com um rabino ou com um professor supervisionado por um rabino através de encontros regulares (a freqüência varia, dependendo da orientação do rabino). Outros freqüentam classes formais de conversão ou de Introdução ao Judaísmo, muitas vezes acompanhados do seu parceiro judeu.

Um curso típico inclui: crenças e práticas religiosas básicas, tais como as orações proferidas nos serviços religiosos e as orações individuais; cashrut (as leis alimentares judaicas); a história do Povo Judeu e de Israel; o lar judaico; os feriados judaicos; os marcos judaicos durante a vida (nascimento, bar/bat mitzvá, casamento, morte e luto); o Holocausto (Shoá), entre outros. O estudo do hebraico também está incluído.

O período de estudo varia bastante: pode durar seis meses, um ano, dois anos, e até mais, dependendo de diversas condições, como a regras da congregação à qual pertence o rabino, a linha de estudos, a determinação pessoal do candidato, o programa de estudos a ser cumprido, etc.

Um casamento entre uma pessoa nascida judia e outra que se converte ao judaísmo é um casamento judaico, não um casamento inter-religioso ou misto. No caso de se planejar um casamento, é fundamental que o candidato comece a estudar bem antes, pois só após se converter é que a união poderá ser realizada conforme o ritual judaico. Não se deve condicionar o tempo do processo de conversão a uma data já predeterminada para o casamento.

O período de estudos deve ser acompanhado pela prática, como criar uma atmosfera judaica no lar, aplicar as leis de cashrut e participar dos serviços religiosos da sua comunidade. A vivência judaica deverá ser estimulada e acompanhada de perto pelo rabino, conforme o entendimento do seu movimento. O estudo aliado à prática é de grande valia para que o candidato possa avaliar melhor se é isso mesmo o que ele quer para a sua vida.

4. O BET DIN (A CORTE RELIGIOSA)

O Bet Din em geral constitui-se de três pessoas (na ortodoxia, três homens), entre elas pelo menos um rabino (é comum constituir-se de três rabinos). Após todo o período de estudos, o Bet Din avalia formalmente a conversão formal. Antes do candidato se submeter a essa avaliação, o seu rabino deve informá-lo a respeito de como o Bet Din procede. Uma parte da avaliação será voltada a determinar o grau de conhecimento do candidato a respeito do judaísmo. Pode-se, por exemplo, perguntar sobre o significado do Shabat ou da crença judaica em um D’us Único. Estas questões não visam “derrubar” os candidatos. Obviamente, estes podem ficar tensos durante essa avaliação, mas em quase todos os casos a intenção é verificar a sinceridade do candidato e certificar-se de que uma decisão assim tão importante foi tomada por livre iniciativa. No caso de uma avaliação positiva, ao final o candidato deve assumir publicamente, perante o Bet Din, o seu compromisso em fazer parte do Povo Judeu.

5. BRIT MILÁ (Circuncisão ritual)

As exigências específicas para a conversão e a ordem em que devem ser cumpridas devem ser discutidas com o seu rabino. Uma das exigências para os homens é o brit milá, o milenar ritual de circuncisão que marca a entrada no Pacto entre D’us e o Povo Judeu. Se o candidato já é circuncidado, realiza-se uma cerimônia de hatafát dam brit: retira-se uma gota de sangue do pênis e “completa-se”, por assim dizer, o brit milá. No Brasil todos os movimentos judaicos consideram o brit milá obrigatório. Nos EUA, embora a orientação do movimento reformista seja realizá-lo e a maioria dos rabinos exija isso, alguns poucos deixam esta obrigação de lado. Entre ortodoxos e conservadores o brit milá é absolutamente obrigatório.

6. TEVILÁ (Banho ritual)

Todos os convertidos (homens e mulheres) devem obrigatoriamente realizar a tevilá, um banho ritual pela imersão em uma micvá (veja abaixo). No Brasil a tevilá é considerada obrigatória por todos os movimentos religiosos. Nos EUA os ortodoxos e conservadores a consideram obrigatória; o mesmo vale para a maioria dos rabinos reformistas, com algumas exceções. A micvá pode ser qualquer fonte de águas naturais correntes, mas o termo em geral se aplica a uma espécie de piscina com um sistema próprio para acumular água das chuvas, com finalidade de purificação ritual. Antes da imersão o candidato deve se lavar minunciosamente em um banho de chuveiro. Em seguida deve se despir completamente para entrar na micvá (isto inclui a remoção de brincos, pulseiras, anéis, maquiagem, esmalte das unhas, etc.). Quando a cerimônia é realizada em local público (um lago, praia ou nascente de rio) alguns rabinos costumam permitir que se use uma vestimenta folgada. Bênçãos são recitadas e a pessoa submerge na água de forma a cobrir todo o corpo, a cabeça e com os olhos abertos. Costuma-se repetir o procedimento por três vezes para assegurar que todas as partes do corpo foram tocadas pelas águas. De acordo com a lei judaica tradicional, a imersão deve ser testemunhada por três homens. No caso de uma mulher realizar a imersão, os homens se retiram do recinto e são informados por uma auxiliar mulher que a imersão foi completa e as bênçãos foram recitadas. Nos movimentos conservador e reformista a imersão pode ser testemunhada por uma rabina e outras duas mulheres, ou por três mulheres já que não há rabinas ortodoxas.

7. TSEDACÁ

Antigamente os convertidos em Israel levavam sacrifícios ou oferendas ao Bet Hamicdásh, o Templo Sagrado em Jerusalém. Depois que o Templo foi destruído isto deixou de ser feito. Desde então a Lei Judaica não exige mais sacrifícios de animais ou oferendas. Contudo, alguns rabinos mencionam este momento como uma oportunidade para se fazer tsedacá, literalmente “justiça social”. Pode ser uma doação em dinheiro ou alguma outra ação de caridade para os mais necessitados. Esse ato deve ser voluntário.

8. UM NOME EM HEBRAICO

Também neste caso há diversos procedimentos diferentes, dependendo do movimento, da congregação e do rabino. Em geral, após a avaliação pelo Bet Din, o brit milá (no caso dos homens) e a tevilá na micvá, o candidato à conversão assina um documento que formaliza o seu ingresso no Povo Judeu (em algumas comunidades a tevilá é feita após a assinatura deste documento). Esse documento também é assinado pelo rabino e pelas testemunhas. Nesse momento a pessoa convertida escolhe para si um nome em hebraico. As opções mais comuns costumam ser os nomes dos Patriarcas ou Matriarcas do Povo Judeu; a adoção do nome “Ruth”, que aceitou a fé judaica e é a bisavó do Rei David também é muito comum, mas pode-se escolher qualquer nome em hebraico. Cabe ressaltar que o nome civil é preservado.

Tradicionalmente o nome hebraico de um indivíduo é acompanhado do nome hebraico de seu pai. Uma vez que o convertido não tem pais judeus (ou sua mãe não é judia), adiciona-se “ben/bat Avraham Avinu” que significa “filho/filha do nosso Patriarca Abrahão”. Por exemplo, se um homem escolhe se chamar Yaacov, seu nome em hebraico será Yaakov ben Avraham Avinu. Em algumas comunidades as mulheres adicionam “bat Sara Imenu”, que significa “filha da nossa Matriarca Sara”. Há comunidades ainda em que se adicionam os nomes de Avraham e Sara. Por exemplo, se uma mulher escolhe se chamar “Ruth”, seu nome em hebraico será Ruth bat Avraham veSara Horênu, que significa “filha dos nossos Pais Abrahão e Sara”. A cerimônia de nomeação inclui a recitação de uma benção.

9. A CERIMÔNIA PÚBLICA

Uma cerimônia pública anunciando a conversão, embora não obrigatória, vem se tornando cada vez mais popular, especialmente entre os judeus reformistas. Nesta cerimônia o convertido é chamado perante a comunidade e faz um pequeno discurso, em geral sobre as razões da sua conversão ou sobre o que aprendeu com a sua experiência. É comum também o rabino falar algumas palavras e desejar ao convertido uma vida judaica plena de estudo da Torá, cumprimento de mitsvot (preceitos judaicos) e de tsedacá. É mais uma maneira da comunidade conhecer seu novo membro, dar-lhe as boas-vindas e integrá-lo.

10. UM CASO ESPECIAL: A CONVERSÃO DE MENORES DE IDADE

Nas famílias cujo pai é judeu e a mãe é não-judia, os ortodoxos e conservadores não consideram o filho como judeu. Já os reformistas entendem que no caso desse filho ser criado dentro do judaísmo e participar em cerimônias públicas e formais de identificação com o Povo Judeu, será considerado judeu.

Muitos rabinos ortodoxos se recusam a converter um menor de idade; outros rabinos, em geral conservadores ou reformistas, aconselham que o(a) jovem seja criado dentro do judaísmo e aguarde a época do seu bar/bat mitsvá para realizar a conversão, quando se imagina que já estará mais consciente desta decisão. Outros ainda entendem que se for da vontade dos pais, a conversão poderá ser feita ainda antes disso, partindo do princípio de que esta é uma forma de obter o reconhecimento da identidade judaica da criança e evitar possíveis constrangimentos no futuro. Nesses casos todos os movimentos exigem a circuncisão para os meninos que pode ser feita como manda a tradição, aos 8 dias de vida, seguida da Hatafát Dam Brit à época da conversão. Para alguns rabinos reformistas, basta uma cerimônia para se dar um nome hebraico na oportunidade da conversão. Rabinos ortodoxos e conservadores também exigem a imersão na micvá.

Créditos:

Texto adaptado do site em inglês www.convert.org com a permissão de Barbara Shair
Tradução: Mariane Dinis
Edição: Adriana Lacerda e Uri Lam
Adaptação para o judaísmo brasileiro: Uri Lam

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