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sábado, 9 de maio de 2009

Holocausto é hoje

Quando o primeiro homem negro na costa africana foi caçado, aprisionado e jogado dentro de um navio negreiro, deu-se início ao que denomino de Holocausto da era contemporânea. A escravidão pressupunha a inferioridade racial dos negros e a prevalência dos brancos como raça superior.

Na antiguidade, Holocausto era uma oferenda religiosa que consistia em queinar animais vivos, como sinal de obediência e adoração divina, o que teria motivado o primeiro homicídio. Deus recusou seu Holocausto e aceitou o do irmão.


A Inquisição praticava um Holocausto religioso, punindo os não cristãos e os hereges com inenarráveis torturas culminadas com a queima dos pecadores, vivos, em fogueiras.


Na Rússia dos séculos seguintes, o Holocausto adquiriu um significado lúdico, uma diversão de fim de semana: os russos adoravam invadir aldeias de judeus, matando os homens, estuprando as mulheres e queimando as casas.


Nas colônias do além-mar, em nome da civilização, praticava-se o extermínio metódico das civilizações indígenas em todas as Américas.


O sofrimento dos discriminados negros, índios e judeus era apenas um detalhe que não tirava o sono dos heróis do faroeste, dos senhores de engenho, das autoridades da Inquisição, dos governantes estabelecidos e de pais de família em geral.


A palavra Holocausto adquiriu novo significado a partir de Hiutler e da Alemanha Nazista. Pela primeira vez, na história moderna, a raça tornou-se uma questão de Estado: os arianos, superiores, para dominar; as outras etnias, inferiores, para serem escravizadas; os judeus, ciganos, homossexuais e deficientes físicos, subumanos, para serem exterminados.


Foi no nazismo que a arte do extermínio atingiu o auge da sofisticação, levando o mundo à guerra mais sangrenta de todas, à tortura e morte de milhões, cujos ícones mais bizarros foram os judeus, justo eles que deram à humanidade os valores éticos e jurícios que moldaram a civilização. Seis milhões de pessoas ou "apenas" um milhão e pouco, para os simpatizantes nazistas, foram exterminados por serem judeus.


Holocausto após o nazismo, transformou-se em sinônimo de violência, da brutalidade e do extermínio racial. Holocausto, após Hitler, adquiriu o sentido de hecatombe produzida por sórdidas mentes, a demonstrar que nenhum monstro que a nossa imaginação conceba é mais monstruoso que o ser humano.


Nos dias atuais o Holocausto continua, graças aos que o desmentem. Expressa-se através do terrorismo, religioso e racial, com seus novos e avançados métodos de extermínio em massa.


Enquanto os seres humanos relembras a tragédia e tentam sublimá-la, como condição para permanecerem humanos, as bestas contemporâneas estão, nodia de hoje, saudando o Holocausto e planejando morticínios, extermínios e extinções étnicas, sorrateiramente e em nome de "valores" semelhantes aos dos nazistas: superioridade, dominação, riqueza.


E a humanidade? Pasma.



* Paulo Wainberg é advogado e escritor
Artigo publicado na editoria de Opinião do jornal O Sul em 21.04.2009

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