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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Os Limites do Terrorismo

A longo prazo, entretanto, os islâmicos provavelmente reconhecerão os limites da violência e levarão a cabo cada vez mais seus objetivos repugnantes por meios legítimos.

O terrorismo funciona, isto é, consegue alcançar os objetivos dos seus perpetradores?

Com os ataques do terror tendo se transformado em uma rotina e em uma ocorrência quase diária, especialmente no Iraque, Afeganistão e Paquistão, a sabedoria popular sustenta que o terrorismo funciona muito bem. Por exemplo, o já falecido Ehud Sprinzak da Universidade Hebraica atribuiu a predominância do terrorismo suicida à sua "pavorosa eficácia". Robert Pape da Universidade de Chicago argumenta que o terrorismo suicida está aumentando "porque os terroristas aprenderam que ele compensa". O professor de direito de Harvard, Alan M. Dershowitz, intitulou um de seus livros Porque o Terrorismo Funciona.

Mas Max Abrahms, membro na Universidade de Stanford, contesta esta conclusão, observando que ela se foca estreitamente nas famosas vitórias, porém raras, do terrorismo - ignorando, o mais amplo, se não o mais obscuro do padrão dos fracassos do terrorismo. Para remediar esta deficiência, Abrahms analisou detalhadamente cada um dos 28 grupos terroristas assim designados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos desde 2001 e calculou quantos deles alcançaram seus objetivos.

Seu estudo, "Porque o Terrorismo não Funciona", descobriu que esses 28 grupos tiveram 42 objetivos políticos diferentes e que alcançaram somente 3 deles, uma taxa de êxito desprezível de 7 por cento. Essas três vitórias seriam: (1) o sucesso de Hisbolá em expulsar tropas de paz multinacionais do Líbano em 1984, (2) o sucesso do Hisbolá em expulsar as forças israelenses do Líbano em 1985 e em 2000 e (3) o sucesso parcial dos Tigres Tâmeis na conquista do controle sobre as áreas do Sri Lanka após 1990.

É isso. Os outros 26 grupos, desde a Organização de Abu Nidal e a Al-Qaeda e o Hamas a Aum Shinriko e o Kach e o Sendero Luminoso, ocasionalmente conseguiram algum sucesso limitado, mas na maior parte falharam por completo. Abrahms tira três implicações políticas desses dados.

  • Os grupos guerrilheiros que atacam sobretudo alvos militares têm sucesso mais frequente do que grupos terroristas que atacam principalmente alvos civis. (Os terroristas tiveram sorte no ataque de Madrid de 2004.)
  • Os terroristas acham "extremamente difícil transformar ou aniquilar o sistema político de um país"; aqueles que têm objetivos limitados (tais como a aquisição de território) se dão melhor do que aqueles com objetivos maximalistas (tais como procurar a mudança de um regime).
  • E não somente é o terrorismo "um instrumento ineficaz de coerção, mas… sua fraca taxa de êxito é inerente à própria tática do terrorismo". Esta falta de sucesso deveria "em última análise, dissuadir potenciais jihadistas" de explodir civis.

Esta implicação final, de fracasso frequente que leva à desmoralização, sugere uma redução que vem como conseqüência do terrorismo em favor de táticas menos violentas. Certamente, os sinais da mudança já são aparentes.

No nível da elite, por exemplo, o ex-teórico da Jihad, Sayyid Imam al-Sharif (a.k.a. Dr. Fadl), agora condena a violência: "Nós somos proibidos de cometer agressões" escreve ele, "mesmo se os inimigos do islã o fazem".

No nível mais popular, o Projeto de Atitudes Globais 2005 do Centro de Pesquisa Pew descobriu que o "apoio a atentados suicidas e outros atos terroristas caiu na maior parte das nações de maioria muçulmana pesquisadas" e "também da mesma forma a confiança no líder da Al Qaeda, Osama bin Laden". Igualmente, um estudo do Programa de Atitudes Políticas Internacionais 2007 descobriu que a "grande maioria, em todos os países,se opõem a ataques contra civis com finalidades políticas e as consideram como contrárias ao islã. … A maioria de respondentes… acredita que os ataques contra civis, politicamente motivados, tais como atentados à bomba ou assassinatos, não podem ser justificados"

No nível prático, os grupos terroristas estão evoluindo. Diversos deles - especificamente na Argélia, no Egito e na Síria – abandonaram a violência e trabalham agora dentro do sistema político. Outros assumiram funções não-violentas – o Hisbolá fornece serviços médicos e o Hamas ganhou uma eleição. Se o aiatolá Khomeini e Osama bin Laden representam a primeira iteração do islamismo, o Hisbolá e o Hamas representam um estágio transitório e o primeiro ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, comprovadamente o islâmico mais influente do mundo, mostra os benefícios da legitimidade.

Mas se seguir a rota política dá tão certo, por que a violência islâmica continua e até mesmo se expande? Porque não são sempre convenientes. Rita Katz do Grupo de Inteligência SITE explica: "Engajados em uma batalha divina, os jihadistas medem o sucesso não através de vitórias tangíveis nesta vida, mas sim pela bênção eterna de Deus e pelas recompensas recebidas no além."

A longo prazo, entretanto, os islâmicos provavelmente reconhecerão os limites da violência e levarão a cabo cada vez mais seus objetivos repugnantes por meios legítimos. A maior possibilidade do islã radical nos derrotar não está nos atentados a bomba e nas decapitações, mas sim nas salas de aula, nos tribunais de justiça, nos jogos de computadores, nos estúdios de televisão e nas campanhas eleitorais.

Estamos de sobreaviso.

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