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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Star Treck - A Origem

Star Trek é o mais novo exemplar da atual tendência de hollywood: narrar a origem de personagens famosos

Ivan Claudio

"Esse não é o Jornada nas estrelas de seu pai." O slogan usado na campanha de lançamento de Star trek, que chega aos cinemas na sexta-feira 8, irritou bastante os chamados trekkies, fãs de carteirinha de uma das mais antigas séries do cinema e da televisão dos EUA - e levada para diversos países, entre eles o Brasil. Por trás dessa advertência (usada para atrair o público jovem que nem era nascido na época áurea dessa saga interplanetária) se esconde claramente uma estratégia de modernização de uma franquia com mais de 40 anos de existência.

Mas não é só isso: a própria história dessa 11ª aventura do capitão Kirk, do Dr. Spock e de toda a tripulação da nave USS Enterprise era impensável na época em que os pais de hoje eram os adolescentes que lotavam os cinemas. Dirigido por J.J. Abrams, a mente criativa por trás de seriados como Alias e Lost, Star trek não conta "mais uma" missão da Frota Estelar por lugares "onde ninguém jamais esteve". O filme mostra justamente como tudo isso começou, ou seja, como foi a juventude dos tripulantes da Enterprise, antes de se tornarem heróis.

Com esse artifício, Star trek se coloca como o mais novo representante de um gênero que em Hollywood vem sendo chamado de "prequel", em oposição às continuações (sequel): algo como o preâmbulo das grandes histórias contadas pelo cinema. Esse tipo de filme já estava virando moda desde que George Lucas decidiu explicar por que Darth Vader, de Guerra nas estrelas, se tornou a entidade do mal que desestabiliza o universo.

E, para isso, voltou ao passado e narrou a infância de Anakin Skywalker, a verdadeira identidade do vilão mascarado. Depois de Star wars - a ameaça fantasma, outros filmes parecidos surgiram: Exorcista, o início; Hannibal, a origem do mal; e até Cassino Royale, que mostra o momento em que James Bond ganha a licença para matar, tornando-se o agente 007.

Agora, contudo, essa tendência atingiu seu pico. Além de Star trek, já se encontra em cartaz X-men - origens: Wolverine, sobre a experiência genética que torna o soldado Logan um mutante de garras metálicas. E no dia 15 entra em cartaz Anjos e demônios, no qual o professor e simbologista Robert Langdon depara-se pela primeira vez com a irmandade dos Illuminati - outra ordem secreta terá um papel fundamental em O código da Vinci, o filme que lançou o personagem.

MODERNIZAÇÃO A equipe da USS Enterprise em sua primeira missão (no alto), o novo visual da nave (abaixo) e o vilão Nero, interpretado por Eric Bana: o filme abusa de efeitos especiais e de uma edição frenética, e trata com humor a relação de companheirismo entre os clássicos personagens

Recorrer ao expediente do "como tudo começou" funciona como o antigo recurso do flash-back, aquela volta no tempo que explica o passado de um personagem para melhor entender suas ações presentes. No caso de filmes em série, serve também como uma forma de reviver uma história que já não tem mais como evoluir - e esse era o caso de Jornada nas estrelas. O décimo episódio da série a chegar aos cinemas - Jornada nas estrelas: Nemesis, lançado em 2002 - já demonstrava o esgotamento da saga. Foi um fracasso: sua bilheteria nos EUA estacionou nos US$ 43 milhões.

Seis anos depois, os estúdios Paramount vieram com o bingo: por que não remontar aos anos de escola de toda aquela turma enfiada em uniformes justos e bem cortados, habituada a se comunicar com aparelhos semelhantes aos celulares e a se teletransportar nos momentos mais perigosos? E isso com a vantagem de não desembolsar tanto com o salário dos atores, já que eles não precisavam ser necessariamente conhecidos.

De fato, o único ator de cachê considerável no elenco de Star trek (que custou US$ 150 milhões) é o australiano Eric Bana. Ele encarna o vilão Nero, um romulano que deseja vingar a destruição de seu planeta (Romulus) por uma estrela supernova, desastre que ele atribui ao vulcano Spock. Mas os heróis são todos vividos por atores relativamente novos.

O capitão Kirk é interpretado pelo novato Chris Pine; Spock, por Zachary Quinto, do seriado Heroes, e Bones, por Karl Urban, um pouco mais conhecido, de O senhor dos anéis. A história de Kirk e Spock, que polarizam a ação do filme, é narrada simultaneamente, de forma a contrapor a personalidade dos futuros amigos. Kirk é uma criança impulsiva, guiada pela emoção; Spock é um brilhante aluno de matemática, que não consegue reger-se totalmente pela razão como seria normal no povo vulcano, já que sua mãe é uma terráquea. Admitidos na Frota Estelar, eles a princípio serão rivais. O filme é exatamente o tortuoso caminho que mostra o nascimento da amizade entre os dois, uma relação que a série televisiva mostrou ser cheia de ironias e venenos recíprocos.

J. J. Abrams, 32 anos, que confessou não ser um apreciador do programa quando criança, consegue preservar o lado humano desse enredo em meio a muita ação e efeitos especiais. As explosões de planetas e a estranha beleza da nave Narada, do vilão Nero, parecida com uma anêmona feita de cabos e ferragens, são um espetáculo que faz qualquer um se sentir criança.

O fãs vão sentir falta dos diálogos espirituosos do passado, travados entre William Shatner (Kirk) e Leonard Nimoy (Spock), os atores originais da série. Nimoy, 78 anos, faz uma aparição no filme atual e, por um milagre do teletransporte, conversa consigo mesmo na juventude. Ele é a prova cabal de que Jornada nas estrelas não conseguiria emplacar mais episódios com o elenco antigo - àquela altura, Spock já teria se aposentado como herói de agitadas missões intergalácticas.

Isto é

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