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sábado, 18 de dezembro de 2010

A Europa depois de Auschvitz




Artigo do escritor espanhol Sebastian Vivar Rodriguez (Novembro de 2004)


Estava andando em Barcelona e de repente descobri uma verdade apavorante – A Europa morreu em Auschvitz. Nós matamos seis milhões de judeus e os trocamos por 20 milhões de muçulmanos. Em Auschvitz queimamos cultura, pensamento, criatividade, capacidade. Destruímos o povo eleito, realmente eleito, pois eles nos deram pessoas únicas e especiais, que mudaram o mundo. A influencia dessas pessoas é sentida em todos os aspectos da vida: ciências, artes, comercio internacional e mais de tudo – a consciência do mundo.

Esses são os seres que queimamos. E sob o cinismo de compreensão, porque queríamos provar para nos mesmo que nos curamos da doença do racismo, abrimos nossos portões para 20 milhões de muçulmanos, que trouxeram com eles ignorância e idiotice, fanatismo religioso e incompreensão, assaltos e pobreza derivados da falta de vontade de trabalhar e de sustentar suas famílias com honra. Eles transformaram nossas cidades espanholas maravilhosas em terceiro mundo, infestadas de desespero e assaltos. Eles moram em casas que receberam de graça do governo e lá mesmo eles planejam o assassinato e destruição das pessoas inocentes que os receberam.

E assim, para azar nosso, trocamos cultura por ódio fanático, criatividade por destruição, inteligencia por atraso e ignorância. Trocamos a busca da paz do judaísmo da Europa e a capacidade destes de almejar um futuro melhor para seus filhos, e respeito a vida, por ser sagrada; por pessoas que correm atrás da morte, pessoas que almejam a morte para si, para os outros, para nossos filhos e para seus filhos. Que erro terrível foi feito pela Europa.



Comentário - Marisa M. Artagoitia


Se você perguntar para um espanhol o que ele pensa sobre a expulsao dos judeus ou sua obrigatória conversao ao cristianismo em 1492, ele dirá que isso foi uma tremenda estupidez. Mas se fizer a mesma pergunta sobre um muçulmano na atualidade, a grande maioria dirá que o lugar deles é na terra deles. E isso se deve muito ao fato de que o judeu na Espanha ou mesmo na Europa sempre foi sinônimo de inteligência, criatividade, é só lembrar os grandes nomes da Humanidade.

Mas nao ponho todos os muçulmanos no mesmo saco, porque nao gosto de generalizar. Conheço uns quantos e isso que na zona onde moro há poucos, este clima nao os agrada. Os poucos que aqui moram sao gente mais "ilustrada" que a grande maioria que mora em outras zonas da Espanha. Vou dar um exemplo real. Minha amiga Radissha é formada em Tetuán (Marrocos) em Biologia, com Mestrado em Biologia Molecular. Fala francês, árabe, inglês e espanhol. É muçulmana e seu marido também, mas sairam do Marrocos, porque ela queria "liberdade". Ela nao usa véu, usa maquiagem e mesmo assim continua sendo muçulmana. Só tem uma filha. E digamos que ela nao vive o Isla. Antes trabalhava num supermercado, mas agora conseguiu trabalho num laboratório em Santander e está muito feliz. Reconheço que no meio de um milhao e meio de muçulmanos que moram na Espanha ela faz parte da minoria, mas as novas geraçoes nascidas aqui já vao mudando a mentalidade, pouco a pouco, mas conseguem.

O maior problema é justamente a nao separaçao da religiao da vida civil desses imigrantes e também a grande falta de preparo e estudo que a grande maioria tem. E outro dose de machismo, que faz que muitas mulheres mesmo vivendo aqui, nao possam exercer seus direitos. Muitos homens preferem buscar esposa em seus países, mesmo os já nascidos aqui, pois dizem que as muçulmanas espanholas (descendentes de marroquinos, argelinos, etc) já estao "ocidentalizadas" demais e é lógico, nao os obedecem. Elas já nao querem 4, 5 filhos, querem estudar e trabalhar fora, a maioria nao quer usar véu, etc.

E o grande problema disso é que essa forma de vida "vivendo o Isla", nao permite uma convivência igualitária em termos civis com o resto dos espanhóis ou mesmo europeus. Ou seja, formam-se os guetos. E o problema cresce quando nesses guetos alguns se radicalizam e apoiam o terrorismo radical muçulmano. Aí é que mora o perigo. A Europa nao quer isso, aliás, morre de medo disso. O atentado de Madri foi algo terrível, tive a desgraça de estar em Madri naqueles dias e ninguém precisa contar-me o que foi aquilo, eu mesma vi.

A Espanha inteira viu e ela inteira indignou-se. Na hora da raiva, todos gatos entram no mesmo balaio, mas depois com a cabeça fria, reflexiona-se e a gente se dá conta de que também morreram muitos muçulmanos e que uns poucos desgraçados nao podem pôr a culpa em todos. A convivência exige adaptaçao de ambas partes, mas opino que o que vem de fora é o que primeiro tem de ceder. Quando meus pais foram ao Brasil, ninguém lhes deu nada, nem casa, nem comida, nenhuma ajuda. Trabalharam 24 horas e se fizeram por si mesmos.

Estudaram, aprenderam o idioma e em poucos anos já haviam melhorado substancialmente de vida. Aqui ocorre o contrário. Quando chega um imigrante, o governo dá mais ajudas que para um espanhol e isso é fato incontestável. Eles vao aos Serviços Sociais e alegam estado de miséria, com isso obtêm direitos. Um espanhol, por orgulho ou pudor, se nega a alegar esse estado de miséria, mas se pede uma ajuda para o aluguel, por uma questao de desemprego, esta fica sujeita à declaraçao de estado de miséria. O mesmo ocorre nas escolas públicas. Há professores especiais para dar aulas de espanhol para crianças imigrantes e de "adaptaçao", mas faltam professores de apoio de outras matérias.

E como na Espanha, o mesmo ocorre em outros países europeus. Na mesma Espanha, em Catalunha e Andalucía, onde há uma quantidade enorme de muçulmanos, muitos trabalhadores braçais, há enormes focos de conflito. Meus primos em Girona, dizem que estao cansados dos "moros", pois muitos depois de anos e anos, ainda nao estao acostumados com a forma de vida local.. Já há outros totalmente "espanholizados" e esses também reclamam de seus compatriotas que nao fazem nada para prosperar. Também há muitos espanhóis ignorantes que se "esqueceram" que há poucos anos atrás, eram eles os imigrantes e que muitos países os receberam de braços abertos.

A única diferença é que eles realmente "pastaram" nos países que os acolheram, nao tiveram ajudas governamentais, apenas os mesmos direitos dos locais e um excelente recebimento por parte do povo de acolhida, no caso da América. A diferença estava na cultura do esforço, do berço familiar (nao econômico, lógico, pois eram pobres, saídos de uma guerra civil), do trabalho e do "sair adiante" por mérito próprio e do orgulho em conseguí-lo.

Mas a cegueira européia em relaçao ao Holocausto é algo que ninguém na Europa nega. Que todos podiam e deveriam ter feito mais para salvar o povo judeu. Que o mundo perdeu muitíssimo com aquela barbaridade e que isso jamais pode voltar a ocorrer. Na verdade, acho que os que guardam algum foco de antissemitismo desconhecem por completo a História e baseiam-se no que leem sobre a questao dos Palestinos.

Nem sequer sabem diferenciar judeus e israelenses. Há muita ignorância nesse aspecto. O que observo nos jornais daqui é cada vez mais comentários pró Israel, alguns até afirmando que devemos ajudar Israel, porque este serve de "muro de contençao" ao expansionismo do terrorismo muçulmano. E os espanhóis que antes nunca foram muito pró Israel, talvez porque aqui há muito poucos judeus, apesar da enorme cultura sefardita mantida e creio eu, das mais ricas da Europa atual, em termos de museus, organizaçoes, etc, no fundo se identificam com o povo judeu. Eles encontram muitos parecidos no "temperamento judeu", na personalidade.

Lógico, que talvez quando dizem isso, falem sobre os judeus sefarditas. Muitos inclusive já me contaram sobre o "espírito" de Jerusalém, gente que foi como simples turista e quando chegou na cidade, identificou-se tanto com a populaçao e a cultura locais que nao quiseram voltar à Espanha. E também há uma ponta de inveja do sucesso israelense, um país pequeno e tao próspero.

Esta semana mesmo foi apresentada aqui num hospital em Barcelona, uma "invençao" israelense, umas pernas biônicas, que possibilitam que alguns paraplégicos possam andar. Foi um sucesso e o Ministério de Saúde espanhol está preparando um convênio com as Comunidades Autônomas para oferecer esse "tratamento" em 2011. Isso sem contar no boom turístico que se transformou Israel para os espanhóis nos últimos anos. Há um aumento significativo no número de voos para Tel Aviv e Jerusalém saindo de Madri e Barcelona. Israel é um país mediterrâneo, seguro, com infra-estrutura, com muita História e isso é um prato cheio para o turismo.

Israel é muito mais aliada agora que no passado, pois de certa forma a Europa, ou os europeus de alguma forma se sentem ameaçados pela radicalizaçao do terrorismo muçulmano. Mesmo que a UE critique açoes de Israel, isso nao significa que nao lhes dê apoio. E qualquer europeu pensa que um israelense é muito mais europeu que qualquer turco, mesmo que venha de Istambul. Aqui ninguém estranha que Israel participe nas competiçoes esportivas européias ou mesmo no festival Eurovision, um festival onde se escolhe todo ano a melhor cançao européia. A Turquia também participa, mas gera muito menos paixoes...

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