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sábado, 25 de abril de 2009

A Consciência Judaica

O exílio físico e espiritual do povo judeu tem dois grandes marcos: um no seu início (após a destruição do primeiro Beit HaMikdash) e um no seu final (antes da declaração da independência de Israel). O primeiro desses marcos foi Purim, quando foi frustrada por completo a tentativa de aniquilar o povo judeu. O segundo foi a Shoá, quando infelizmente, essa tentativa foi frustrada mais tarde do que devia.

O denominador comum entre os dois eventos foi o fato de um império de dimensões mundiais (o império Persa se alastrava desde as portas da Índia até o Egito, e a Alemanha nazista tinha pretensões não muito menores), sob cujo domínio vivia boa parte do povo judeu (no caso da Pérsia, literalmente todo o povo), declarar os judeus como inimigos nacionais passíveis de aniquilação.

De acordo com a Guemará, os judeus na época de Purim foram punidos (correndo risco de extermínio) porque participaram do banquete de Achashverosh. O rabino Shlomo Elkabatz (o autor do Lecha Dodi) escreveu o mais belo livro existente sobre a Meguilat Ester (o nome do livro é Matanot Levi). Nele ele explica que toda a comida da festa dada por Achashverosh era 100% Casher, e os judeus da época viram isso como uma autorização par tomarem parte nela. “Afinal de contas, se a comida é Casher qual é o problema?”

Essa observação feita pelo rav Elkabatz levanta uma pergunta pertubadora: então, pelo amor do bom D-us, qual foi o grando problema dos judeus terem participado da festa de Achasverosh? O problema é que o intuito dessa festa era divulgar a supremacia dos Persas sobre todas as outras nações conquistadas por eles, inclusive Israel. A Guemará descreve que Achashverosh fez questão de utilizar os utensílios do Beit HaMikdash na festa. Porém esse não era o motivo oficial da festa. Isso era apenas um ponto secundário na festa. Exatamente por isso os judeus se deram ao privilégio de ignorá-lo.

Essa é a maior paródia do judeu da Galut. A comida Casher é imprescindível, porém o desprezo pelo Templo pode ser ignorado. O, assim conhecido, judaísmo “do estômago para baixo” expressa a cabeça da Galut. Esse judeu pode se preocupar com todas as minúncias da Halachá, mas esquece do espírito que há por trás dela. Ele pode saciar a sua sede espiritual fechando-se em si mesmo e ignorando o que acontece ao seu redor. “O importante é que a comida do meu prato seja Casher”

Purim foi uma lição que nós precisávamos aprender no começo da Galut (infelizmente ainda não a assimilamos totalmente): judaísmo não é apenas religião. Não é possível ser um bom judeu ignorando o que acontece ao meu redor. Não nos é permitido fechar os olhos às afrontas que ocorrem ao nosso redor. Nós não podemos ignorar a nossa dimensão nacional.

Essa é parte do libelo de Haman e de Hitler: não importa o que o judeu faça ele sempre será um povo diferente dos outros, ainda que ele pise e sapateie sobre as sua mitzvot. Mesmo na Galut o judeu possui uma dimensão nacional e ai dele se esquecer disso. Ao entender isso o judeu fortalece as suas duas dimensões: tanto a religiosa como a nacional. Ele entende que é impossível dissociar a Torá do mundo real; externo. D-us escreve reto por linhas tortas, e sem dúvida parte da função da Galut é fortalecer a nossa identidade nacional.

Não somos uma nação como todas as outras. Graças a Torá nós somos capazes de sobrevivermos mesmo no exílio, longe da pátria. Porém não somos uma religião como todas as outras. Graças a Torá somos capazes de nos reunirmos ao fim do exílio de volta a nossa pátria.

Blog Tudo Abertamente

Meus Comentários: Ainda bem que somos assim, esta é a diferença entre o sucesso de vencer as adversidades e perder a alma. Pena que o lado Islâmico aja de forma diferente. Leva a religião ao extremo da realidade. Não se importam se ainda estão no século IX. Querem que todo mundo volte no tempo. Perderam o dominio e não se conformam.

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