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sábado, 9 de maio de 2009

Eu adoro ser paulistano

São Paulo é a única cidade cosmopolita do Brasil. Ponto. O resto do país é província. Me refiro a São Paulo, a capital, que é a única cidade do mundo que existe entre nós.
Tanto quanto Nova York, São Paulo acolhe de braços abertos gente de todo lugar. Por isso o lugar de origem importa pouco aqui: cada um tem o seu e beleza, vida que segue. Assim como ser novaiorquino não signfica ter nascido em Nova York mas sim viver e trabalhar na cidade, ser paulistano é muito menos nascer em São Paulo do que fazer a vida aqui, produzir riqueza e contribuir com o desenvolvimento da metrópole. Nenhuma outra cidade brasileira é assim. Raras cidades do mundo são assim. Parabéns, São Paulo. E obrigado.

Eu sou gaúcho. E já vi muito paulista ser chamado, até mesmo com certo tom pejorativo, de "Paulista", ao se mudar para o Rio Grande. Para demarcar a condição não-nativa do sujeito. E de algum modo diminui-lo por isso. Eu nunca fui chamado de "Gaúcho" em São Paulo. Porque simplesmente não interessa onde você nasceu ou de onde você veio aqui em São Paulo.

Esta não é uma característica relevante na cidade. No Rio de Janeiro, se você não frequentou a praia do sujeito, não estudou na mesma escola dele, não namorou a irmã dele, você é um completo estrangeiro. Fala outra língua, tem outros modos e simplesmente não interessa aos cariocas. Mesmo a simpatia mineira em receber bem, com café, pão de queijo e doce de leite, sempre passa para demarcação do território e do DNA do estrangeiro: Minas recebe bem porque aprecia ser hospitaleira com o forasteiro. Mas que fique muito claro quem está recebendo e quem está visitando, quem é da terra e quem veio de fora, quem é do meio e que é o corpo estranho.

Nada define tanto a província quanto este sentimento gregário de aldeia. Que, diga-se, está a um passo da intolerância, do isolamento, da hostilidade, da desinteligência. Nada mais cosmopolita do que a ausência desse sentimento de quintal, de cerca dividindo o nosso gramado dos vastos campos bonitos que se espaham mundo afora. São Paulo tem esse espírito sem fronteiras.

Nenhuma cidade brasileira acolhe tão bem o recém-chegado. Estou aqui há 48 anos e posso afirmar isso com segurança. Você já é paulistano no segundo dia na cidade. E São Paulo abraça de um jeito interessante. Não sendo simpático com quem chega. (A cidade nem é simpática, no sentido de ser conveniente ou bonita. Ela não é.) Mas sendo simpático ao transformar o sujeito em paulistano, com todas as vantagens e agruras dessa condição, sem exigências de pedigree nem de período comprobatório.

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