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sábado, 9 de maio de 2009

Três Dinheiros

Cuide bem dos seus três dinheiros
Por Adriano Silva

Semana passada tive um agradável almoço com um amigo brasileiro que nasceu na Argentina. Deixa eu explicar. Ele é argentino. Nasceu em La Plata, torce pelo Boca ("Boca es un sentimiento", ele me ensinou a belíssima frase que identifica a torcida Xeneize, a melhor do mundo), tem sotaque castelhano e tudo. Mas trabalha e vive há tanto tempo no Brasil que já virou brazuca. Não é mais um argentino que mora aqui, meramente. É mais um brasileiro que nasceu lá.

Meu amigo está a cada dia mais parecido com o Jim Carey. Eu nunca tinha reparado nisso. Mas eles têm os mesmos ares, a mesma risada, o mesmo brilho lúdico no olho. Falávamos sobre o mercado, a vida, a carreira. Sobre a ex-empresa que nos abrigou ao longo de muitos anos. Ele, como eu, um ex-executivo tentando sobreviver sem patrão, dividiu comigo a lição que recebera de um consultor com muitos mais anos de vida sem crachá. Na verdade, duas lições. A primeira, resume-se numa frase. Seu amigo lhe dissera que um consultor está sempre devendo. Ou porque não conseguiu trabalho suficiente e está com dificuldade para pagar as contas. Ou porque arranjou muito trabalho e está com dificuldade para entregar o que vendeu. Achei uma síntese precisa da vida não apenas do consultor, mas do autônomo, do profissional liberal, do empreendedor, de quem se coloca de modo independente no mercado, vendendo diretamente seu talento e suas competências aos clientes, sem o intermédio de uma grande corporação.

A segunda lição do velho consultor: tenha sempre três contas bancárias - a dos sonhos, a do empresário e a do hedonista. O dinheiro dos sonhos é aquele que você não mexe, não negocia e não empresta. É o dinheiro da faculdade do filho, da doença da mulher, da sua aposentadoria. O dinheiro do empresário é aquele que você gira. Gasta com a empresa, investe, pega daqui, joga acolá, paga fornecedores, usa para comprar um notebook ou para consertar a impressora. E o dinheiro do hedonista é aquele que você usa para você. Para o prazer, para viver bem a vida. Se você quiser assistir à final da Copa na África do Sul, e houver dinheiro nessa conta, vá. Essa grana serve para isso mesmo. Para você gerar momentos de felicidade para si mesmo e para a sua família. Achei uma receita muito apropriada para equilibrar as finanças e distinguir os vários dinheiros que passam pelos bolsos de um empreendedor (e, por que não?, de um assalariado também) e que adoram se misturar confusamente, gerando caos administrativo e rombos temperados com os salgadíssimos juros do cheque especial.

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