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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Homenagem a Eli Cohen

Desde a criação do Estado de Israel até nossos dias, a Síria foi um dos maiores, senão o maior, inimigo de Israel. De 1948 a 1967 a Síria estava em ótima situação para expressar a sua antipatia e desejar colocar um fim no estado judeu. De posse do Golan, a Síria fez com que durante 19 anos, povoados judaicos situados ao norte se sentissem constantemente ameaçados pelas forças sírias, pois eram alvos de freqüentes ataques.

Desde 1992 o Golan foi o centro das discussões nas conversações de paz devido ao seu significado histórico e estratégico, além de sua beleza selvagem. Quando conquistado em 1967, quase no fim da guerra dos seis dias, os colonos no norte puderam finalmente descansar das constantes ameaças. O crédito da conquista do Golan deve-se em grande parte a Eli Cohen, um notável espião de Israel.


A importância do Golan não se deve somente ao seu significado militar. Abastece também, 30% das fontes de água de Israel. Em 1960 Israel desenvolveu um aqueduto que desviaria água do Kineret, situado ao Norte de Israel e que passaria a irrigar o país, especialmente o árido sul de Israel.


Israel tentou obter a cooperação dos vizinhos árabes, mas estes não concordaram. Os árabes decidiram desviar as nascentes do Rio Jordão, no Golan, com a intenção de privar Israel da água tão necessária para seu crescimento nacional. A Síria contratou engenheiros e equipamentos especializados para esta finalidade. O Ministério da Defesa de Israel precisava urgentemente de alguém que conseguisse os dados sobre o projeto do desvio das águas, obtendo diagramas, mapas e informações detalhadas. Eli Cohen era o homem certo para este trabalho.


Eli Cohen nasceu em Alexandria, Egito, no dia 26 de dezembro de 1928. Em 1949 os seus pais, judeus sírios da cidade de Alepo e três irmãos, mudaram-se para o norte de Israel. Eli permaneceu no Egito afim de coordenar atividades sionistas. No dia 8 de fevereiro de 1957 Eli chegou a Israel.


Aos 29 anos quis ingressar no serviço secreto de Israel mas foi reprovado duas vezes. A agência concluiu que Cohen tinha um alto QI, grande coragem, memória fenomenal e a habilidade para manter segredos, mas os testes também mostraram que tinha uma auto avaliação exagerada e muita tensão interna, concluindo que Cohen não media corretamente os perigos e estava, portanto, sujeito a assumir riscos alem dos necessários.


Dia 31 de agosto de 1959, Eli casou com Nadia Majald, judia de origem iraquiana. Entretanto, o serviço secreto de Israel resolvera analisá-lo novamente. Afinal, Eli nascera num pais árabe, possuía feições orientais e conhecimento nas áreas de inglês, francês e árabe.


Certo dia, em 1960, o serviço secreto convocou Eli. Da primeira vez recusou a oferta mas um mês após, tendo perdido o seu emprego, aceitou prontamente. O treinamento foi longo e exaustivo. Foram-lhe ensinadas técnicas de manipulação de armas de pequeno porte, topografia, criação de mapas, sabotagens e especialmente a transmissão por rádio e criptografia. Em resumo, a maioria dos itens essenciais para a segurança e sobrevivência de um tal de Kamal Amin Ta’abet, a nova identidade de Eli Cohen.


Uma das tarefas mais complicadas para Eli Cohen foi desenvolver a fonética árabe com o inconfundível sotaque sírio. O serviço secreto criou uma identidade completamente nova. Kamal Amin Ta’abet nascera em Beirute, Líbano. O nome do pai , Amin Ta’abet e Sa’adia Ibrahim o da sua mãe. Em 1948 a família mudou-se para a Argentina onde abrira um próspero negócio têxtil, de acordo com a sua imaginária biografia. Kamel Amin Ta’abet (Eli Cohen) retornaria à Síria para a realização de um sonho patriótico.


Em 1961, Chaim Herzog, chefe da inteligência militar e mais recente presidente de Israel, assinou o documento autorizando Cohen na sua missão de espionagem. No dia do embarque, no aeroporto, sua esposa Nadia entendeu que ele estaria trabalhando para o Ministério da Defesa, mas não exatamente em que área. Disseram-lhe que estaria em completa segurança.

Foi enviado primeiramente para Buenos Aires, a fim de estabelecer sua cobertura como imigrante sírio. Em pouco tempo já estava entrosado na vida social e cultural da comunidade síria de Buenos Aires e era conhecido como um próspero e generoso homem de negócios. Era muito querido e respeitado, estabelecendo contatos com os políticos, diplomatas e funcionários do exército que trabalhavam na embaixada Síria.


Através dos contatos de Kamal, nutridos por festas periódicas, ocasiões sociais e amizades, foi convidado para visitar Damasco a fim de montar uma empresa. Foi-lhe prometido incondicional apoio. As generosas somas de dinheiro vivo que parecia possuir atraíram o governo sírio.

Nove meses depois, em 1961, Eli voltou para Israel, afim de visitar sua esposa, mas gastou a maior parte do tempo em Tel-Aviv, aperfeiçoando sua cobertura e colhendo os últimos dados necessários para sua missão. É desnecessário dizer que o seu sucesso na Síria ultrapassou todas as expectativas.


Cohen chegou a Damasco em fevereiro de 1962 como um grande comerciante vindo da Argentina e retornando a sua pátria. Cultivava contatos com as autoridades promovendo festas em sua casa aonde compareciam diversos ministros, homens de negócio e outros, que usavam seu apartamento para conversar livremente sobre seu trabalho e planos do exército. Eli escutava tudo e todos cuidadosamente.


Fazia empréstimos para oficiais e agia como perfeito anfitrião. Pediam-lhe conselhos e com o passar do tempo ganhou a confiança dos mais altos escalões do poder. Tornou-se um confidente de George Saif, um dos mais importantes ministros da informação. Cohen desfrutou de informações que ajudariam sobremaneira Israel no futuro.


Certa vez, Cohen estava no escritório de Saif, lendo um documento secreto enquanto um sírio se encontrava ao telefone. Um dos diretores do ministério entrou na sala sem ser anunciado e perguntou furiosamente para Saif:

– Como você permite que um estranho leia um documento secreto ?

Saif calmamente responde :

– Não há nada com que se preocupar. Ele é um amigo altamente confiável..

Em 1963 Eli consolidou sua posição na alta sociedade Síria. Entretanto transmitia importantes informações às autoridades israelenses através de um transmissor de rádio escondido em seu quarto.

Periodicamente voltava a Israel para falar com as autoridades e visitar sua esposa e seus filhos pequenos. Voltou para Israel três vezes de 1962 a 1965.


Cohen começou a trabalhar no projeto sírio, já citado, que desviaria a água da nascente do Rio Jordão para longe de Israel, estabelecendo contatos com dois altos oficiais do exército: o coronel Hatoum e o coronel Dali. Estes estavam perfeitamente informados sobre o esquema. Em 1964, Eli conseguiu informar Tel-Aviv de que o canal estava sendo cavado por onde passava o fluxo do Rio de Baniyas. Passou cuidadosamente todos os detalhes do projeto para o serviço secreto israelense. Em 1964, devido a essa informação, a força aérea de Israel pode acabar com o esquema sírio, bombardeando todo o equipamento em uso.

Eli foi levado para conhecer o Golan, ponto extremamente estratégico para os sírios. Kamal Amin Ta’abet (Eli Cohen) visitou todas as posições. Passou novamente informações para Israel: a localização das torres de artilharia, o lugar onde eram guardadas as armas, fortificações do Golan, armadilhas de tanques projetadas para impedir qualquer ataque israelense, etc.

Um dos aspectos mais famosos de Eli foi durante uma viagem ao Golan. Foram-lhe mostradas as fortificações construídas pelo exército sírio. Eli sugeriu que fossem plantados eucaliptos a fim de camuflar estas fortificações. O oficial sírio concordou e Eli passou imediatamente as informações para Israel. Baseado nas plantações de eucaliptos, Israel sabia exatamente onde estavam localizadas. Mas mudanças estavam ocorrendo no governo sírio. O chefe da inteligência, Coronel Ahmed Su’edani não confiava em ninguém. Eli amedrontou-se e desejou terminar sua tarefa na Síria ao visitar pela ultima vez Israel. Mas o serviço secreto pediu-lhe que continuasse por mais algum tempo.


Eli regressou à Síria, mas seu comportamento mudou. Ficou menos cuidadoso nas suas transmissões, repetindo-as quase sempre no mesmo horário: às 8:30 da manhã. As transmissões eram longas.

Os sírios e os conselheiros russos estavam alarmados ao perceber que estavam vazando informações para fora do país. Os peritos em segurança, russos altamente treinados, equipados com sofisticados equipamentos, detectaram a fonte das transmissões. Provinham da casa de Eli.

Certo dia de janeiro de 1965, a inteligência Síria arrombou a casa de Eli durante uma transmissão. A figura principal era a cabeça da inteligência Síria, Coronel Ahmed Su’edani. Eli foi pego em flagrante. Nada podia ser feito. Mesmo torturado, não deu nenhuma informação incriminando Israel.

Lideres mundiais, o governo de Israel, o Papa e muitos outros intervieram a seu favor. Foi tudo em vão. Foi enforcado em 18 de maio de 1965. Enviou sua última carta para a esposa, antes de sua morte. A execução, em praça pública, foi transmitida para toda a Síria.


Eli Cohen passou uma quantidade incrível de dados para o serviço secreto de Israel, durante um período de três anos. Em 1967, Israel pode conquistar o Golan em dois dias, graças aos dados coletados.

Pode se dizer que Eli é conhecido como o maior espião de Israel.

O rabino chefe da comunidade judaica de Damasco, o Rav Nissim Andabo Cohen, recitou com Eli a prece de Ziduk Hadin. Após o kadish pela alma de seu pai Shaul, pediu ao rabino Nissim que ligasse para sua família e dissesse que havia completado sua missão até o final e que se mantivera fiel ao seu povo e à sua terra até o último momento. Como última vontade pediu para escrever uma carta de despedida para sua esposa e filhos. A carta que escreveu antes de sua morte

Com mãos trêmulas, antes de seu enforcamento, Eli Cohen escreveu:

Nadia minha querida, minha querida família

Escrevo estas últimas palavras, com a esperança de que continuem sempre unidos. Peço que me perdoes. Pensa em ti e espero que dês uma boa cultura a nossos filhos… Virá o dia em que meus filhos terão orgulho de seu pai.

“Nadia minha querida, você deve casar-se novamente, para que nossos filhos tenham um pai. Neste assunto você tem liberdade total. Peço que não se enlute pelo que aconteceu, mas, sim, olhe para o futuro.

Te mando meus últimos beijos

Rezem pela elevação de minha alma

Eli ”

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