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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um Marginal Esnoba o Brasil

Pouco importa o motivo alegado pelo Itamaraty para explicar o cancelamento ou adiamento da visita de Mahmud Ahmadinejad, a verdade é que o Brasil, vejam só!, pagou um mico ao convidar um bandoleiro para visitar o país e outro ao ser esnobado por ele.

Já está virando uma tradição na gestão deste impressionante Celso Amorim: só aceitamos ser destratados por governos de segunda linha. Esses maloqueiros internacionais pintam e bordam com a nossa "generosidade". Em matéria de ditadores de Terceiro Mundo e assemelhados, não tem pra ninguém: ninguém, como o Brasil, oferece tão gostosamente o traseiro para ser chutado. Já agüentamos birra de Evo Morales, Hugo Chávez, Rafael Corrêa, Fernando Lugo e Ahmadinejad. Com os argentinos, vocês sabem, é a água de sempre: eles impõem as tarifas que bem entendem aos produtos brasileiros.

E o governo Lula sempre reage com aquela frieza supostamente imperial. Como já escrevi aqui, Amorim lidera uma espécie de revolução conceitual em matéria de imperialismo: com ele, o império perde sempre.


Amorim é certamente o ministro mais patético de Lula, embora conte com um lobby considerável na imprensa. Tem até uma espécie de colunista particular, que sempre recita, em suas colunas, como se fosse apuração suada, as verdades oficiais do Itamaraty. É de dar nojo. E, no entanto, as grandes virtudes que o Lula da diplomacia chama para si não têm qualquer relação com a política externa. Derivaram do crescimento da economia mundial, que beneficiou também o país.


A regra do Itamaraty é ser arrogante com os grandes e humilhado pelos pequenos, com uma única exceção, em que fomos trapaceados por um gigante: a China conseguiu arrancar do Brasil o estatuto de “economia de mercado” e prometeu, em troca, apoiar a ampliação do Conselho de Segurança da ONU para abrigar o Brasil. Com o reconhecimento debaixo do braço, deu uma solene banana ao Apedeuta e seus gênios da política externa e vetou a ampliação do conselho. Desculpa: o Japão também seria candidato à vaga, e isso os chineses não poderiam aceitar. Ocorre que o Japão era, vá lá, pré-candidato desde sempre. Os chineses deram um truque nos macunaímas assanhados.


O desempenho do Brasil no mercado externo nada tem a ver com Amorim — de resto, a participação do país no comércio internacional é da ordem de 1.1% faz dez anos: vendeu mais em dólares quando o mundo crescia e passou a vender menos quando o mundo se retraiu. Simples. Abaixo, listo uma série de insucessos do Itamaraty em questões que realmente diziam respeito à diplomacia. Acompanhem:


NOME PARA A OMC
- Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!!

NOME PARA O BID
- Também em 2005, o Brasil tentou emplacar João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil — do Mercosul, apenas um: a Argentina.


ONU
- O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.


DITADURAS ÁRABES
- Sob o reinado dos trapalhões do Itamaraty, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio. O Babalorixá deixou de visitar a única democracia da região: Israel.


CÚPULA DE ANÕES
- Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância...

ISRAEL E SUDÃO
- A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim. Em 2006, país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur. Por que o Brasil quer tanto uma vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?

FARC
O Brasil, na prática, declara a sua neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os terroristas da Farc. Já escrevi muito a respeito do assunto.

RODADA DOHA
O Itamaraty fez o Brasil apostar tudo na Rodada Doha, que foi para o vinagre. Quando viu tudo desmoronar, Amorim não teve dúvida: atacou os Estados Unidos.


Agora, O gigante da diplomacia está empenhado em presidir a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que fiscaliza o uso pacífico (ou não) da energia nuclear mundo afora. Ahmadinejad por aqui era uma espécie de cabo eleitoral de Amorim. Trata-se daquele senhor empenhado em fazer a bomba atômica, que nega o Holocausto e que fala abertamente na destruição total de Israel.


Eis o competente Celso Amorim. AIEA? Penso que deveria se candidatar àqueles concursos de lançamento de anões — se é que ainda não foram proibidos.
Reinaldo azevedo

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